Falar em barato para um carro de 30 mil euros é algo relativo, mas olhando à gama BMW, somos forçados a dizer que um Série 1 a gasóleo por menos daquele valor é realmente um óptimo preço. E ainda por cima não perde qualidades dinâmicas e o motor com 115 CV não deixa muito a desejar. Até parece perfeito…
Porém, a perfeição não existe e como tal este preço faz lembrar a história do “gato escondido com o rabo de fora”. Não fique já a duvidar da qualidade deste 116d, pois a analogia não tem nada a ver com alguma aldrabice ou escamotear de situações menos claras.
Ao contrário do que possa pensar, o motor deste 116d é um 2.0 litros e não um 1.6 como o nome poderia sugerir. Estamos perante uma versão descafeinada do bloco que equipa várias gamas da marca germânica com 115 CV e 260 Nm de binário. É a versão mais comedida a seguir ao 118d (143 CV), o 120d (177 CV) e o 123d (204 CV), todos eles tendo por base o tetracilindrico de 2.0 litros.
Para custar “apenas” 29.950 euros, este Série 1 não é igual aos outros. Por fora as jantes são mais pequeninas – 16 polegadas – e não há nenhum apêndice aerodinâmico e os frisos das janelas e portas não trazem nenhum adorno. Nem os faróis de nevoeiro são de série. É um puro e duro!
Lá dentro, além da habitual falta de espaço atrás (e nesta versão de 3 portas, as coisas complicam-se devido à acessibilidade menor ao banco traseiro) falta muita coisa. Temos ar condicionado, mas manual (já nem nos lembrávamos de ver um BMW com este tipo de sistema…) que funciona muito bem na mesma – já pode poupar uns trocos na lista de opcionais – bancos desportivos em pele, sensores de chuva e luminosidade, comandos no volante, cruise control, rádio de elevada qualidade e sensores de estacionamento além da regulação eléctrica do banco. Ficamos assim com um Série 1 limpinho e cheio de qualidade que continua a ter uma excelente posição de condução.
Está a torcer o nariz? Então?! Provavelmente queria um Série 1 por menos de 30 mil euros, mais barato que o 118i a gasolina e carregado com aquilo que muitos pagam quase 40 mil para ter, não?
Com 115 CV é obvio que não podemos esperar o mesmo que um 120d com 177 CV. A caixa manteve-se com seis velocidades, com a sexta um pouquinho mais longa para ajudar nos consumos, mas a verdade é que como não existe a perfeição, também não existem milagres: estando muito longe de serem ridículas, as prestações do 116d em termos de aceleração mas principalmente de recuperação de aceleração, são modestas. Na velocidade máxima está bem com 200 km/h e os 10,2 segundos do 0-100 km/h (não conseguimos melhor que 11,8…) aceitam-se.
Palavra para a travagem equilibrada e para a direcção e suspensão que, apesar de não contarem com ajudas exteriores – suspensão desportiva e assistência activa à direcção – provam aquilo que há muito era já uma certeza: o Série 1 é dos melhores carros de tracção de tracção traseira no seu segmento com um comportamento extraordinário. O conforto é razoável, embora viajar atrás, enterrado nos bancos traseiro e com muito pouca visibilidade provoque alguma claustrofobia. O DTC raramente intervém e quando o faz não é demasiado brusco. E pode sempre optar pelo segundo programa do DTC que lhe dá mais alguma liberdade. O motor é que não dá para muito…
O recurso a pneus de reduzido atrito (uns Michelin nas medidas 195/55 R16) estreitinhos e a utilização do sistema “Stop&Start” consegue colocar a fasquia da emissão de CO2 nuns muito interessantes 118 gr/km, mas é no consumo que este 116d se destaca. Segundo a BMW, não gasta mais de 5,6 litros em ciclo combinado. Porém, no ciclo combinado que nós realizamos em cada ensaio (que ainda assim possui muitos percursos em cidade) nunca conseguimos descer dos 6,3 litros, ainda assim um valor excelente.
Contas feitas, este é um BMW para os… que gostam da marca mas não possuem bolsos fundos o suficiente para escalarem na gama.
Honesto, eficaz e agradável de conduzir, o BMW 116d não será o melhor carro da sua gama de modelos, mas é o mais barato pagando-se assim menos por quilómetro de diversão ao volante.
Características técnicas
Motor – 4 cil. 16V; 1995 c.c.; “common rail” c/turbo de geometria variável; Potência (CV/rpm) – 115/4000; Binário (Nm/rpm) – 260/1750-2500; Transmissão – Traseira, caixa manual 6 vel.; Suspensão (fr./tr.) – Independente, McPherson/Independente, multibraços; Travões (fr./tr.) – Discos vent./Discos; Comp./Larg./Alt. (mm) – 4239/1748/1421; Dist. entre eixos (mm) – 2660; Capacidade da mala (lt) – 330-1150; Peso (kg) – 1295; Velocidade Máxima (km/h) – 200; Acel. 0-100 km/h (s) – 10,2; Consumo médio (l/100 km) – 4,4; Emissões CO2 (gr/km) – 118 (Categoria B); Preço – 29.950 Euros
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